segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Medicina de Musicista - Afecções músculo- esqueléticas na prática musical

Dra Yumi Kaneno
• Médica fisiatra
• Mestre em Medicina pela Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Misericórdia de SP
• Coordenadora de Serviços Médicos do Centro de Reabilitação
do SESI - V.Leopoldina

Medicina esportiva
Medicina de Musicista?
Violinista X Atividade física intensa e repetitiva
dor:condições incapacitantes
Zyporin, 1984; Sternbach, 1993; Bejjani et al., 2002


PREVALÊNCIA DAS LESÕES
•Fishbein at al (1988)
–N = 2122 / 4025
Fishbein at al; Medical Problems among ICSOM Musicians: Overview of a National Survey. 1998; 3:1-8.
82% - problemas de saúde
18% - sem problemas
76% - Comprometimento de desempenho
24% - sem comprometimento

14% - 1 problema
14% - 2 problemas
12% - 3 problemas
36% - 4 problemas

Locais mais acometidos:
Coluna – 70%
MSE – 75% (ombro e mão)

PREVALÊNCIA DA DOR NOS MÚSICOS (ESTUDO NACIONAL)
•Kaneko & Lianza, 2004
–240 músicos de Orquestras Sinfônicas de São Paulo
DOR - 65%
•Média VAS = 43 ± 19 mm (• DOR MODERADA)
•Média de tempo de evolução = 4,2 anos
•Média de duração das práticas diárias = 6,8 ± 2,1 horas
(supera a média internacional)
Média de 2 empregos

PREVALÊNCIA DA DOR NOS MÚSICOS (ESTUDO NACIONAL)

Predomínio de instrumentos de cordas

Segmentos anatômicos acometidos
Média = 3,13 ± 1,9 segmentos

QUE TIPO DE PROBLEMAS ACOMETEM OS MÚSICOS??

•Afecções Musculoesqueléticas
–Síndrome do Uso Excessivo
–Síndromes Miofaciais
–Hipermobilidade articular
–Afecções de articulações temporo-mandibulares
–Alterações adaptativas ao instrumento
–Osteoartrose


•Afecções Neurológicas
–Neuropatias compressivas
–Distonia motora focal

QUE TIPO DE PROBLEMAS ACOMETEM OS MÚSICOS??

•Afecções de origem psicológica
–Tremor do palco

IDADE DE INICIAÇÃO MUSICAL

•Alterações por adaptação musculoesquelética ao instrumento
•Iniciação precoce no instrumento
–Bejjani et al.
•Quanto mais jovem, menor é o risco
•Quanto mais jovem, melhor é o prognóstico


BEJJANI F. J.: Musculoskeletal and Neuromuscular Conditions of Instrumental Musicians. Arch Phys Rehabil. 77 (s.n.): 406-413, 1996.

7,8 anos - Iniciação musical
Média = 10,6 ± 4,2 anos
10 anos

Fishbein et al., 1988

PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO DE UM MÚSICO

•Atendimento Multidisciplinar
–Médico
–Terapeuta Ocupacional
–Fisioterapeuta
–Psicóloga
–Técnico de instrumento
–Professor de técnica

•Coordenação e conscientização
•ENERGY – EFFICIENT

Reestabelecimento e otimização da produção artística.
Corpo X Técnica de instrumento X Musicalidade

PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO DE UM MÚSICO

OVERUSE SYNDROME (Síndrome de uso excessivo)

•Definição
“Condição dolorosa de um segmento do corpo resultante do uso
prolongado e intenso (excessivo) do mesmo.” (Fry, 1986).

47,8% - cordas
26,9% - madeira
18,5% - Teclado
10,6% - Metal
4,2% - Percussão

•Sintomas
–Dor – sensação de rigidez, peso, fraqueza, agulhada
–Fraqueza de musculatura executante
–Perda de agilidade, velocidade e precisão
–Tendência à depressão e ansiedade

OVERUSE SYNDROME (Síndrome de uso excessivo)

I Dor em um local ao tocar o instrumento

II Dor em 2 ou mais locais, dificuldades em tocar tempo prolongado,
pode ter alguma perda de coordenação, discreta alteração na
perfomance, sem interferência nas outras atividades.

III Dor persiste mesmo após tocar o instrumento, começa a ter
discreta interferência nas outras atividades, possível perda de
coordenação ou no tônus muscular, aumento da sensibilidade
local.

IV Dor durante o repouso, dor durante a noite, ou ambos. Dor
durante a maioria das AVDs, mas capacidade é preservada na
medida que a dor é tolerada. Dificuldade em tocar mesmo a
duração normal.

V Idem IV, porém com a perda da capacidade das atividades
manuais.

•Fatores etiológicos
–Tolerância (limiar) e anatomia – genético
•Idade
•Gênero

–Intensidade x duração da atividade física
–Preparo físico
–Técnica


•Fatores desencadeantes
–Tempo de prática instrumental
–Instrumento
–Repertório
–Técnica/ Método


Duração de sessão por dia - Prática

2 sessões de “shadow playing”: 3-5 minutos

2 sessões com instrumento: 3-5 minutos

2 sessões: 5-10 minutos

2 sessões: 15 minutos

2 sessões: 20 minutos

3 sessões: 15 minutos

3 sessões: 20 minutos

4 sessões: 20 minutos

4 seesões: 30 minutos

3 sessões: 45 minutos

3 sessões: 60 minutos

2 sessões: 90 minutos

2 sessões: 120 minutos


Tendinite não? tem cura? Pare de tocar?

Não toque enquanto estiver sentindo a dor?

•Tratamento
–Fase aguda: dor, repouso relativo, mobilização precoce
–Readaptação precoce à prática do instrumento
–Alongamentos, condicionamento, resistência
–Reeducação sensitiva (proprioceptiva)
–Retorno precoce à atividade musical
–Tratamento de sintomas associados (p. ex. distúrbio de sono e
alteração emocional)

•Tratamento
•Avaliação de biomecânica da prática instrumental
•Adequação ergonômica

Retorno à atividade musical (overuse)

•Retorno à atividade musical
–Peça simples e lento (escalas);
–Dobrar o tempo de execução a cada 2 ou 3 dias;
–Voltar o nível anterior se a dor ressurgir
–Aumento gradual do nível de dificuldade do repertório
–Intervalo de 5 minutos a cada 20 minutos de prática

Educação e orientação ao músico

•Reconhecimento precoce – tome o primeiro sinal como uma lesão séria
(não necessariamente deve parar de tocar)
•Aquecimento pré-prática com e sem instrumento (conscientização)
•Alongamento pós-prática


•Maximizar o tempo de prática com boa postura (conscientização)
–Ajuste do assento e estante
–Ajuste do instrumento
–Posições usuais das articulações próximo do neutro
–Evitar hiperflexão, hiperextensão ou torção de membros
–Evitar permanência na mesma posição por tempo prolongado
–Evitar tensões desnecessárias nas musculaturas
–Observar princípios mecânicos (noção de biomecânica e anatomia)

•Treino mental (mental rehearsal)
–Estudo da música sem instrumento

•Feedback visual
–Use meios visuais para ver sua performance (espelho)

Contato:
Yumi Kaneko
Email – yukaneko@terra.com.br
Centro de Reabilitação SESI
V.LEOPOLDINA

Email – reabilitacaoleo@sesisp.org.br

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