segunda-feira, 28 de maio de 2012

Distonia Focal - Dra Patrícia Maria de Carvalho Aguiar

Distonia do músico
I Simpósio Paulista de Saúde do Músico
São Paulo- 2011
UNESP
Dra Patricia de Carvalho Aguiar
Setor de Transtornos do Movimento- UNIFESP- EPM
Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein
Escola de Ciências da Saúde- UAM

Distonia Definição:
Síndrome caracterizada por contrações musculares sustentadas, levando a movimentos de torção e/ou posturas anormais. Os movimentos são provocados pela contração simultânea da musculatura agonista e antagonista ao movimento.

Quais os tipos de distonia?
Idiopática ou Primária: sem uma lesão estrutural do sistema nervoso ou outro fator causal identificável. Provável combinação entre fatores genéticos e ambientais.
Secundária: associadas a lesões estruturais do sistema nervoso ou outros fatores causais identificáveis (p. ex. Traumatismo craniano, acidente vascular cerebral, anóxia neonatal, etc).

A distonia do músico é considerada como uma distonia primária tarefa específica e responde por apenas uma pequena parcela dentro do amplo espectro das síndromes distônicas

Quem pode ter distonia?
Qualquer pessoa, sendo que algumas podem ter uma susceptibilidade genética.

Em que idade começa?
Pode começar em qualquer idade. Diferentes tipos de distonias têm faixa etária preferencial.
Nas distonias primárias, existe uma correlação entre a idade de início e a gravidade da doença. Quanto mais cedo começa, maior a tendência a generalizar e a ser mais grave.

Qual parte do corpo é acometida?
Qualquer parte do corpo pode ser acometida, existem vários subtipos, de acordo com as regiões acometidas, por exemplo:
Distonia focal: uma única parte é acometida.
Distonia generalizada: o corpo todo é acometido

Distonia do músico
Distonia associada à prática musical. Na maior parte dos casos, a distonia do músico é classificada como uma distonia primária focal tarefa específica, ou seja, só aparece na hora de executar um movimento específico durante a prática musical.
Em outras situações, não observamos distonia.

Distonia do músico
Epidemiologia: Não é rara, estudos mostram uma prevalência de 5 a 13%.
Há subnotificação.
Pico de incidência: 4ª década de vida.
Mais prevalente entre homens (75%).
Existe uma associação entre o local de aparecimento da distonia focal e a carga de trabalho, onde ocorre uma maior exigência/ precisão do ponto de vista têmporo espacial.
Instrumentos com teclas: mão direita
Instrumentos de corda sem arco: mão direita
Instrumentos de corda com arco: mão esquerda


Jabush & Altenmüller . Advances in cognitive psychology2006 • volume 2 • no 2-
3 • 207-220

Programação e execução do movimento
A execução de qualquer movimento envolve um circuito extremamente complexo, que vai desde os receptores de sensibilidade periféricos até o córtex cerebral, passando por inúmeras outras estruturas, dentre as quais destacamos o cerebelo e os gânglios da base.
Os movimentos ocorrem com maior ou menor precisão e tudo depende de um equilíbrio muito fino entre os diversos sistemas que controlam as nuances de cada movimento.
Dentre os diverso tipos de sensibilidade (tátil, vibratória, etc), destacamos a importância da propriocepção, que é a capacidade de localizar o corpo no espaço.



 Por que ocorre?
Vários estudos sobre a fisiopatologia com ressonância magnética funcional e magnetoeletroencefalografia apontam na seguinte direção:
Alteração da plasticidade neuronal, modificando a representação cortical de diferentes partes do corpo (dedos, lábios, etc).
Diminuição do mecanismo da inibição recíproca.
Alteração no processamento de informações no cortex motor e sensitivo.
Disfunção dos gânglios da base na programação do movimento.
Em músicos saudáveis, a prática musical leva a uma reorganização cortical motora benéfica, ao passo que, no músico com distonia, esta reorganização vai muito além, e começa a interferir de forma prejudicial no movimento, em vez de auxiliá-lo.

Medidas preventivas
Ergonomia: adaptar o instrumento ao seu corpo, e não o contrário.
Aquecimento/ alongamento antes da prática musical.
Resfriamento após a prática musical.
Manter um bom condicionamento físico (tônus, flexibilidde).
Não negligenciar dores e desconfortos, adotar atitudes imediatas para identificar suas causas e evitá-los.
Evitar treinos excessivos sem intervalos.
Evitar um aumento súbito das horas de estudo.
Priorizar o tratamento do estresse, da tensão e da ansiedade.
 
Prevenção
Promover a conscientização sobre esta patologia junto ao meio musical, particularmente nas instituições de ensino (sugere-se abordar os problemas de saúde do músico na grade curricular).
É necessário que os professores também sejam parceiros no tratamento e na adoção de medidas preventivas.